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Marina Silva: "Todo partido tem em seus quadros pessoas boas e más" (Foto: Ernesto Rodrigues/Agência Estado) |
Se tivesse lido o poema “Arco e Flecha”, de autoria da
candidata a Presidência da República Marina Silva, do PSB/Rede Sustentabiidade,
o âncora do Jornal Nacional da Globo, Willian Bonner, teria errado menos quando
a entrevistou quarta-feira passada. Aliás, ele e também Patrícia Poeta, a quem
Marina provocou dizendo que conhecia pouco de Amazônia.
Do
arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.
Aí está uma primeira lição. A força da Marina,
que não é pouca, vem da consciência de outro mundo, de uma natureza
desafiadora, de uma coragem pouco usual nos espaços ditos civilizados. Lá, no
adentrado da mata acreana, a sobrevida vale um marco civilizatório.
Do
alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.
Tudo
parece fluido e incerto, porque é nisso que paira a beleza, a paz, a harmonia
entre as pessoas, os animais, os vegetais. Marina quer, antes de tudo, saber o
que faz o alvo desejado. E qualquer código antecipado atrapalha. Atrapalha o
fluir do desejo que procura no alvo o amor por razão.
O
jornalista Bonner, que com sua arrogância cultural mais parece um delegado de
policia de periferia, fica indócil, querendo esmagar o que não reconhece. E
Marina percebe sua aflição, aproveita e se vira pra câmera, para falar
diretamente ao povo brasileiro. Ela propõe uma “politica nova” que não se guia
por siglas suspeitas, mas por pessoas: “Todo partido tem em seus quadros
pessoas boas e más” – diz. Ela não vê vantagem em apartar pessoas de diferentes
partidos que querem a mesmo coisa pelo bem do Brasil.
Bonner
e Patrícia , aparentemente, não concordam com isso. Ou não entendem a grandeza
desse sentimento.
Sou
o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.
Quando
a dupla entrevistou Dilma Rousseff, do PT, uma semana antes, a postura
policialesca foi igual, mas as respostas não tinham a mesma sabedoria das de Marina
Silva. Talvez porque Dilma não seja “metades que se mesclam” e por isso
mostrou-se vulnerável à dupla de inquiridores. Também porque, por trás da TV
Globo, tão bem representada pela dupla, rosna um monstro capitalista com
ambições desvairadas, pronto para eliminar discordâncias.
É
esse quadro que expressa o poder republicano brasileiro. Sua toca fica no eixo
Sul –Sudeste- Centro-Oeste. Lá ele se alimenta de dólares, intolerância,
disputas e ganâncias. Num processo eleitoral como o de outubro de 2014, a
personagem Marina destoa e ameaça, como, aliás, as pesquisas feitas recentemente
apontam. Na última, divulgada na quinta-feira, 29, Marina empata com Dilma
Rousseff e deixa o candidato preferido (do monstro) na rabeira.
Num
eventual segundo turno, Marina bateria Dilma, com 10% de vantagem. Mas Marina e
Dilma apresentam alguma semelhança,
poderiam até se tornar parceiras por um mundo melhor, no mesmo lado da
boa política.
Ainda
assim, Marina e aqueles que apostam nela, em todo o país, preferem a experiência
nova, dita “almatica”, para questionar as verdades propaladas até aqui em
economia, cultura, desenvolvimento etc. Aguardam mentes mais abertas e corações que
enxergam as partes invisíveis da sociedade. Ou seja: melhor apostar na
liberdade e na sutileza mais fecunda das pessoas.
Sou
o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.
(poema
Arco e Flecha, de Marina Silva)
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