Já sei em quem votar para
Presidente da República. O escolhido se chama Francisco, mora na Itália e é
argentino. No final de julho, durante a Jornada Mundial da Juventude realizada no
Rio de Janeiro, ele hipnotizou nada menos de três milhões e meio de pessoas na
Praia de Copacabana, com seu jeito maneiro de ser. Sinteticamente, disse que é possível
construir um mundo melhor a partir de duas palavras essenciais à democracia: “simplicidade“ e
“transparência”.
A própria Prefeitura do Rio dimensionou
a multidão concentrada na praia. Não estavam lá apenas os jovens, do Brasil e
de outros 175 países representados no encontro; tinha também crianças, peregrinos,
pessoas de todas as idades e gênero, turistas e religiosos. Essa gente toda dormiu na areia de Copacabana, na noite de
sábado para domingo, só para ver de perto e ouvir Francisco, que não se fez de
rogado: desfilou entre a multidão acenando, sorrindo, abraçando e, sobretudo,
abençoando.
Francisco: simplicidade e transparência para um mundo melhor
Claro que estou falando do Papa...
É pecado, por acaso, desejar que ele seja candidato a Presidente da República
do Brasil? Uma utopia a mais, ou a menos, não faz mal nenhum a quem já passou
dos setenta e cansou das objetividades capitalistas. Aliás, nos anos sessenta e
setenta do século 20, quando eu começava a me interessar por política, religião
etc... outros dois papas – Paulo VI e João XXIII – aguçaram meus ânimos
simplistas e coletivos. E olha que eu nunca fui, nem consigo ser, ainda, um
católico fervoroso!
Acontece que o Papa Francisco
encarna o político que eu gostaria de ter como opção de voto nos dias de hoje.
Não importa que seja argentino, coisa, aliás, que ele tirou de letra quando um
repórter da TV Globo perguntou sobre a histórica rivalidade entre os dois povos
(Brasil e Argentina), principalmente no futebol! O repórter, certamente, pensou
em lhe criar embaraços ao colocar a questão numa entrevista para o programa Fantástico, da emissora, mas Francisco
mandou bem: “Ah, essa é uma questão já resolvida: combinamos que, sendo o Papa
argentino, Deus é brasileiro”!
Desprendido e descontraído, Francisco
recusou e desfez, durante o encontro, formalidades e vantagens inerentes à
função que exerce como líder mundial dos católicos. Ficou à vontade para anunciar
uma nova igreja e uma nova sociedade possíveis, a partir de um novo cristão.
Ele quer uma igreja solidária e ética
que faça a opção pelos pobres e oprimidos do mundo, uma igreja atenta aos
problemas sociais e políticos, uma igreja paciente e não preconceituosa. Neste
particular, citou as mulheres, que devem exercer funções na igreja, e os gays, aos quais os templos católicos podem
acolher como filhos de Deus.
Ao mesmo tempo, o Papa recomendou
a todos que se previnam contra a corrupção, a má politica, as ditaduras e as
influências malignas do dinheiro e dos bens materiais que entortam a vida das
pessoas. Por várias vezes, criticou a
exclusão dos jovens e dos idosos na sociedade hodierna. “São extremos aos quais
é preciso ouvir e tornar protagonistas
da sociedade ética e fraterna que queremos construir num mundo melhor”.
Simplicidade e transparência, segundo o sumo pontífice, são palavras básicas
para a construção da democracia.
De quebra, o Papa Francisco
encaixou na sua “liturgia” uma palavrinha mágica que anda esquecida, embora
tenha sido essencial na formação dos jovens de todos os tempos. Ao se referir, especificamente,
aos jovens da atualidade, recomendou com um sorriso maroto, seguido de emoção
vermelha no rosto:
"Sejam revolucionários”!
É por essa e por outras que eu gosto tanto desse meu amigo e professor Elson Martins. Grande beijo, querido! Onides.
ResponderExcluirSempre mestre com suas palavras, sempre bom ler o que você escreve e pensa, Elson.
ResponderExcluirMuito boa a sua análise a respeito dessa personalidade que põe a Igreja Católica em transformações. Abraço.
ResponderExcluirParabéns, amigo!!! Você continua o mesmo de quando o conheci, nos idos de 1995, escrevendo tudo o que a gente quer ler, utilizando-se da sua marca registrada: simplicidade/objetividade. Lindo o texto e muito pertinente. Abs,
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