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Terri (em pé), Tainá, Concita, Filomena,
Patrícia,
Dedé, e Irizete (Foto: Elson Martins) |
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Os netos também pousaram para o
álbum-família (Foto: Elson Martins)
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Documentarista excepcional
No ano
passado, ele também revisitou o Acre e foi até as aldeias indígenas do Rio
Jordão, no município de Tarauacá. Eu o conheci desde a época em que ele e
Filomena viviam juntos. Conheci a linda Savana pequenininha e costumava
recebe-los em minha casa pra bebericar e conversar.
Em 1983 ou 1984, decidimos realizar um documentário em Cruzeiro do Sul. Eu
tinha escrito um roteiro sobre a atividade do casal João Alberto- Janete
Capiberibe que atuava na Sub-Secretaria do Desenvolvimento Agrário no Vale do
Juruá. Capi, que ao retornar do exílio não conseguia viver em paz em sua terra,
o Amapá, por conta de um governador da ditadura (Anibal Barcellos) que se
mantinha no poder do Estado e continuava perseguindo os comunistas, indagou se
havia alguma chance de vir trabalhar no Acre. Com a ajuda do então secretário
do Desenvolvimento Agrário, Antônio Carbone, conseguimos que o governador Nabor
Junior o nomeasse sub-secretário com sede em Cruzeiro do Sul.
Em pouco mais de um ano de atividades, Capi (que se elegeu governador do Amapá
em dois mandatos e hoje é senador do PSB) e sua eterna companheira Janete
Capiberibe (deputada federal em quarto mandato) criaram 21 sociedades agrícolas
na base da ideologia, sem dinheiro e com pouco prestígio politico. Curiosamente,
seu principal braço direito era o funcionário da sub-secretaria, hoje prefeito
de Cruzeiro do Sul, Wagner Sales.
O roteiro que escrevi cruzava duas histórias: a da vida difícil dos
agricultores cruzeirenses, que precisavam de mais apoio para desenvolver sua
produção; e do próprio casal, Capi-Janete, que há mais de 10 anos sofria
perseguições, prisão e tortura psicológica que abalavam seus ideais. No
documentário que acabei dirigindo por insistência do Tião Fonseca, e ao qual
dei o título de “Agricultura sem Diploma”, procuramos mostrar que os dois
ideais (dos agricultores e do casal socialista) se encontravam por conta da
ideologia e do potencial humano da sobrevivência. Ainda faço uma ponta no
filme.
Acho que o resultado foi bom, embora tivéssemos que nos conter nas críticas que
incomodassem ao financiador do trabalho: a própria Secretaria do
Desenvolvimento Agrário, que forneceu passagens, carro para deslocamento no
meio rural, algum dinheiro para os realizadores. Não sei se o Carbone mostrou sua
cópia final ao governador Nabor Júnior.
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